Mencia, Tardana, Bobal, Rufete… Todas elas uvas! Algo em comum? Sim, todas elas uvas autóctones!
“Pô, mas e a Savignon Blanc, Syrah, Merlot?”. Como as descritas anteriormente, também nasceram em algum país (no caso, nasceram e cresceram ouvindo Piaf), no entanto, são viajantes… Gostam de terroirs distintos. Ora perto do mar, ora alto da colina. Mudam de acampamento como ciganas e fincam raízes onde querem… Internacionais? Não há dúvida!
Já as autóctones são como o matuto que vive na (da) roça. “Lá, onde a lua faz clarão” e o sabiá canta cedinho. Ele tem a cor, o aroma e o corpo do lugar! As vezes se levanta tarde, deixando o sol entrar devagarinho na fresta…, as vezes na madrugada, para arar a terra e cuidar dos bichos. É a mais genuína expressão do chão em que foi criado! Ali ele é grande. Seus olhos “alumiam” quando o vinhedo dá seus primeiros frutos. Se tiram de seu pedacinho, ele morre de “sodade” e canta triste na viola. Não consegue ser mais um, afinal, ele é único!
Esse matuto, se procurar bem, acha “no rancho fundo”. Ele não mata a lagarta por acreditar no voo da borboleta. Afinal, para ele, liberdade é fincar raiz e vivê-la plenamente na terra em que brota seus pés. Algo relacionado à felicidade de ser legítimo!
Dê-se a chance de se sentar com este matuto, beba de sua taça, ouça suas histórias e se deleite em sabedoria. Como canta o mestre Boldrin:
“Pra todo aquele que só fala que eu não sei viver
Chega lá em casa pruma visitinha
Que no verso ou no reverso da vida inteirinha
Há de encontrar-me num cateretê”.